RECONSTITUIÇÃO DA CARTOGRAFIA DO BAIXO VALE DO RIO SAPUCAÍ
Maria Lúcia Prado Costa
Fundamar - Fundação 18 de Março
Um dos muitos temas de pesquisas possibilitadas pela digitalização do Album Chorographico é a reconstituição dos territórios dos municípios mineiros que viriam ser atingidos posteriormente pelas represas das usinas hidrelétricas.
A título de exercício, apresenta-se, integrado a este texto, mapa com reconstituição do baixo vale do rio Sapucaí nos anos 20, a partir da junção dos mapas dos municípios que o integravam. Tais mapas foram extraídos do Album Chorographico. Os municípios, apresentados no mapa, viriam a perder na década de 50 e 60 território pelo represamento do rio Grande e seus afluentes – entre eles o rio Sapucaí – em decorrência da construção da Usina Hidrelétrica de Furnas.
Este texto pretende apresentar, a partir do mapa referido e de fontes primárias e secundárias, o perfil do transporte fluvial no baixo vale. Como já informado, a data das redes de comunicação – entre elas a rede fluvial - apresentada nos mapas do Album é 1923, apesar da divisão político-administrativa remontar a 1911.
O RIO SAPUCAÍ EM 1920
Em 1920, o rio Sapucaí tinha um leito muito maior daquele que atualmente conhecemos, em função do posterior barramento da Usina Hidrelétrica de Furnas, nos anos 50.
Segundo informações atuais do Comitê da Bacia Hidrográfica, o rio Sapucaí nasce na Serra da Mantiqueira, na cidade de Campos do Jordão, no estado de São Paulo, a uma altitude de 1620m, e deságua no Lago de Furnas, em Minas Gerais, a 780m. Neste trajeto percorre aproximadamente 248km. A parte mineira da bacia do rio Sapucaí abrange hoje 48 municípios. A parte paulista compreende três municípios: Campos do Jordão, São Bento do Sapucaí e Santo Antonio do Pinhal (CBH-SAPUCAÍ, 2013).
NAVEGAÇÃO NO BAIXO SAPUCAÍ
A navegação do rio Sapucaí é tema controverso no qual se misturam memórias e fatos históricos, muitas vezes compilados sem a devida verificação em fontes primárias. Neste texto, está-se priorizando a elucidação do tema a partir do cotejamento e confronto de fontes como legislação, almanaques, mensagens dos presidentes de província do período e em especial o Album Chorographico.
Primórdios da Navegação no Rio Sapucaí: século XIX a 1920
Informações sobre o comércio de mercadorias no rio Sapucaí aparecem esparsamente na historiografia. Havia dois trechos potencialmente navegáveis: um a montante da cachoeira de Cubatão no município de Paraguaçu e outro a jusante do então distrito de Fama que pertencia ao município de Alfenas – segundo a configuração do Album Chorographico.
O trecho do rio restrito ao município de Paraguaçu era inavegável em função das características de seu leito.
No município de Paraguaçu o rio adquire nova personalidade. Seu leito se alarga, torna-se mais raso e suas águas se esparramam sobre as pedras. A característica marcante desse trecho são as ilhas [...]. (BERALDO et al., 1996, p. 21)
O Almanack Sul-Mineiro de 1874, organizado por Bernardo Saturnino da Veiga, informava sobre o tráfego de mercadorias pelo rio Sapucaí e ainda descrevia os trechos navegáveis.
Este rio, que tem o comprimento de 340 kilometros, - é perfeitamente navegável na extensão de 100 kilometros entre a barra do rio Verde [em Pontalete, no município de Três Pontas] e o Salto Grande [cachoeira no rio Grande, no distrito de São João Baptista do Gloria, no município de Passos], e mais de 140 kilometros da barra para cima. Affirma o distincto engenheiro Dr. Martiniano Brandão[2] não haver obstáculo algum serio para a navegação na parte baixa, existindo, porém, da barra do rio Verde para cima algumas pequenas cachoeiras. Ultimamente têm sido lançados alguns barcos no Sapucahy, calando – termo médio – um metro, e com o carregamento maximo de 8,000 kilogrammos, - que são empregados no transporte de gêneros; e sabe-se terem elles navegado com facilidade, tanto da barra do rio Verde para baixo como na parte superior do rio (VEIGA, 1874, p. 24).
Este documento indica um comprimento de 340km para o leito do rio Sapucaí - quase 100km a mais dos atuais 248km pós barramento de Furnas, informados pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do rio.
Curiosa também é apreciação feita pelo Almanack quanto à ideia de separação do Sul de Minas do restante da província em função da rica rede fluvial da região. O editor sugere que os municípios do oeste de Minas, como Uberaba, Araxá, Sacramento e Prata fossem incorporados à província do sul pois
[...] sua proximidade do rio Grande e Sapucahy colocando-os, por meio da navegação, muito mais proximos da nossa circumscripção [do sul de Minas] do que se achão do Ouro Preto [capital da província], explica por si só esta conveniência (VEIGA, 1874, p. 21).
Veiga ainda reproduz no referido Almanack a descrição sobre o rio Sapucaí, feita pelo engenheiro Dr. Franklin Massena, natural de Aiuruoca[3]. Da narrativa destaca-se o seguinte fragmento:
Deste rio [Sapucahy] no futuro a província de Minas se utilizará para navegação; então, quando raiar nesta ephoca no horizonte mineiro, a prosperidade, riqueza e agricultura muito florescerão para os municípios do sul desta província. A navegação no Sapucahy não é problema de intrincada solução. Atendendo-nos a posição topographica do solo e estudando-se a natureza do Sapucahy conhece-se que fácil é emprehender-se sua navegação. E notável o Sapucahy só por ser um dos rios mais caudalosos de Minas e que na nossa geographia merece um lugar mais esclarecido, não só pelas vantagens que pode offerecer, como também por ser o primeiro confluente do rio Grande, na província de Minas (VEIGA, 1874, p. 24; 25).
Na descrição da freguesia do Espírito Santo da Mutuca [atual município de Elói Mendes] o autor do Almanack prevê:
Quando se estabelecer a navegação a vapor nos rios Verde e Sapucahy, que constituem as principais divisas dessa freguesia, quando a estrada de ferro que se projecta encostar em qualquer ponto desses rios, a agricultura tão vantajosa em terras ubérrimas, como as cercão esta povoação, há de faze-la properar de um modo a causar maior admiração do que a que sentimos vendo cheio de vida o logar que á pouco conhecemos pobre e sem vida (VEIGA, 1874, p. 102;103).
Igual projeção é feita para o município de Itajubá. Na descrição dos ofícios do município são informadas as barcas de navegação “competentemente tripoladas”: Exploradora e Santo Antonio (Idem, ibidem, p. 287).
O tema da navegação no rio Sapucaí parece ter ganhado maior envergadura na agenda política quando das discussões sobre a conexão entre projetos das futuras ferrovias sul-mineiras e o transporte fluvial nos anos 70 do século XIX.
Exemplo dessa proposta de integração entre o transporte ferroviário e o fluvial aparece nas discussões parlamentares sobre a estrada de ferro do vale do Sapucaí e do Verde, no final do século XIX.
O deputado Silvestre Ferraz, argumentando sobre a riqueza dos municípios sul-mineiros de Cristina – sua terra natal - Itajubá, São José do Paraíso, e Pouso Alegre, a ser transportada pela estrada de ferro Sapucahy [ainda inexistente], concluía, em seu discurso de 15 de setembro de 1883, na Assembleia Provincial Mineira:
Se juntarmos a isso a importação e exportação do município de São Gonçalo [do Sapucaí] que vai ser servido pela navegação do rio Sapucahy e que dê preferência à viação fluvial que é muito mais barata, e os de Ouro Fino e Caldas, este algarismo se elevará a 40 mil toneladas. (ANNAIS da Assembleia Provincial de Minas Geraes. 15 set. 1883. p. 347. Apud COSTA, 1985, p. 52/53) (grifo nosso).
Edição posterior do Almanach Sul Mineiro, em 1884, quando trata de Douradinho, distrito do município de Machado até hoje, afirmou fazerem considerável comércio de sal as barcas que transitam no Sapucaí, vindas de Itajubá, gastando de doze a vinte dias na viagem (REBELLO, 2006. p. 534).
Ao que parece na década de 90 do século XIX o transporte fluvial por lanchas e barcos a vapor já tinha entrado na agenda política da região.[4]
Importa destacar que o trecho do rio que primeiramente foi explorado pela navegação a vapor teria sido aquele a jusante de Fama até porto Carrito, no Carmo do Rio Claro, por um empreendedor particular, na última década do século XIX.
O trecho a montante de Fama viria a ser objeto de lei estadual em 1893, que conferia o transporte fluvial também a um particular. A lei mineira n. 59 de 18 de julho 1893 autorizava o presidente do Estado a contratar com Alberto Bressane Lopes[7], ou com quem mais vantagens oferecesse, a navegação a vapor do rio Sapucaí, entre Piranguinho [então distrito do município de Vila Braz, hoje Brasópolis] e Pouca Massa [atual distrito de Guaipava do município de Paraguaçu]. Tratava-se do trecho a montante de Fama.
Em novembro de 1893, o jornal “Monitor Sul Mineiro” mencionou o itinerário do barco Santa Rosa, pertencente à “Navegação Sul Mineira”, pelo rio Verde e Sapucaí, a jusante de Fama. Partia de Fluvial [porto do rio Verde e estação da Estrada de Ferro Muzambinho, no município de Elói Mendes] em 4, 9, 14, 24 e 29 de cada mês, passava aos mesmos dias pelas barras do Pontal [Pontalete, distrito de Três Pontas, foz do rio Verde no Sapucaí] e do [rio] Machado [em Paraguaçu], e nos seguintes por Águas Verdes, Barranco Alto, Correnteza, Santa Rosa, Reserva, Ponte, Tromba e Carrito [os dois últimos no município de Carmo do Rio Claro]. Deste regressavam em 1, 6, 11, 16, 21 e 26, tocando os mesmos portos (REBELLO, 2006, p. 534). Esta é a primeira informação embasada em fonte primária sobre a navegação do rio Sapucaí e sobre a empresa “Navegação Sul Mineira”, encontrada no presente estudo.
Há de se destacar que fontes secundárias reiteradamente repetidas contradizem a informação do jornal acima indicado, pois indicam como data de início da navegação em vapor no rio Sapucaí o ano de 1900.[8]
Relatório do Secretário de Agricultura, publicado no jornal Minas Gerais, em 1896, informava sobre a solicitação de subvenção de 12 contos de reis por ano feita pela empresa para manutenção da navegação do rios Verde e Sapucaí desde a estação Fluvial da Estrada de Ferro Muzambinho [no município de Elói Mendes] até Porto Carrito no Carmo do Rio Claro. O pedido foi negado, por se considerar o subsídio excessivo para a empresa que só tinha realizado 84 dos 150 contos de seu capital (MINAS GERAES, 1896, p. 1).
O decreto estadual mineiro n. 1.754 de 5 de setembro de 1904 declarou a caducidade da concessão feita à Companhia de Navegação Sul Mineira, já referida, para navegação dos rios Verde e Sapucaí.
No mesmo ano, segundo alguns historiadores, o serviço teria sido transferido pelo estado à E. F. Minas e Rio.
O historiador Waldemar de Almeida Barbosa, sem citar fontes, apresenta a versão de que a E. F. Minas e Rio, em janeiro de 1904, teria inaugurado a navegação entre os portos de Fama – estação da Estrada de Ferro Muzambinho (1896) e Carrito [porto de Carmo do Rio Claro], lançando o vapor Sapucaí, que teria sido construído nas próprias oficinas da estrada de ferro. Trata-se do trecho a jusante de Fama.
Esta informação é corroborada por Nelson de Senna, segundo o qual, em 1904, a empresa “Estrada de Ferro Minas e Rio” tornou-se arrendatária da navegação a vapor no rio Sapucaí, entre os portos de Fama e Carrito (REBELLO, 2006, p. 534)[9].
Foto intitulada "Navegação Estrada de Ferro Vitória Minas no Rio Sapucahy, datada entre 1906 e 1908, do fundo do Arquivo Público Mineiro mostra pessoas a bordo do vapor Sapucahy.
O Annuario de Minas Geraes, também organizado por Nelson de Senna, para 1906, traz as seguintes informações sobre os rios navegáveis e as empresas de navegação a vapor existentes no estado naquele ano.
Pela rede de seus muitos rios navegáveis — caminhos rolantes ainda pouco aproveitados entre nós — ainda mais fácil se torna a ligação de Minas com os Estados visinhos. Felizmente, a industria extractiva volta suas vistas para a exploração dos rios mineiros pela dragagem. A navegação delles virá como consequência natural e então os nossos magníficos valles fluviaes se encherão de vida, de populações industriosas e fortes. [...] Navegáveis são quasi que todos os grandes rios do Estado de Minas Geraes, comquanto só existam empresas para regular navegação a vapor, nos Rios São Francisco, ao norte, e Sapucahy e o Rio Grande, ao sul (SENNA, 1906, p. 85) (grifo nosso).
O autor destacava a Companhia de Navegação Sul-Mineira que explorava a navegação do rio Sapucaí, desde 1904, da estação de Fama da E. F. Muzambinho até porto Carrito, no município de Carmo do Rio Claro, numa extensão de 108km.
A navegação do Rio Sapucahy, num trecho de 108 kílometros desde o porto da Fama (que é também estação da ferrovia Muzambinho) até o porto do Carrito, no municipio do Carmo do Rio Claro, interessa a importantes municípios sul-mineiros, ricos pela producção de café e lacticínios. A navegação alhi é superintendida pela Directoria da E. F. Minas e Rio. [...] (Idem, ibidem).
Em Minas Gerais, a lei n. 430, de 4 de setembro de 1906, autorizava o governo do estado a conceder ao Barão da Varginha, [10] e Antônio Coelho da Gama, privilégio por trinta anos para a navegação do rio Verde, no trecho compreendido entre o Salto Grande [cachoeira do rio Grande, no distrito de São Baptista do Glória, no município de Passos] e a Estação Fluvial [no rio Verde, no município de Eloi Mendes] da Estrada de Ferro Muzambinho. Trata-se do mesmo trecho propugnado pelo Almanach Sul-Mineiro de 1874 -30 anos antes.
Um curioso decreto federal n. 6201 de 30 de outubro de 1906 teria aprovado as bases para constituição e arrendamento da Rede de Viação Férrea Sul-Oeste de Minas. No extenso escopo do contrato de arrendamento definido no decreto constava a junção entre as redes ferroviárias de ambas as regiões e também dos serviços de navegação do rio Sapucaí, organizado pelos arrendatários da Minas e Rio e do rio Grande, pertencente à Estrada de Ferro Oeste de Minas (BRASIL, 2013).
O livro “A Estrada de Ferro Sul de Minas (1884-1934) – trabalho histórico-descritivo organizado pelo Secretário da Estrada Vasco de Castro Lima” – em 1934 faz detalhada seriação dos projetos e decretos que tentavam conectar o desenvolvimento ferroviário ao fluvial na região. A recuperação da memória das idas e vindas da regulamentação do transporte fluvial no rio Sapucaí ajuda a entender-se a breve existência do sistema na década de 20.
O arrendamento para a E. F. Rio Minas teria durado apenas cinco anos, pois a navegação do rio Sapucaí teria sido transferida para Cia. Viação Férrea Sapucahy, em 1909. O transporte fluvial a vapor do Sapucaí passou então a ser de alçada federal.
O decreto federal n. 7.704 de 2 de dezembro de 1909[11] determinava o arrendamento da Rede de Viação Sul-Mineira pela Cia. Viação Férrea Sapucahy, no prazo de 60 anos, com data de término prevista para 31 de dezembro de 1970[12]. No contrato, entre as obrigações da arrendatária incluía-se “a navegação dos rios já existentes na zona, já navegáveis ou que se tornem navegáveis pela execução de obras e melhoramentos” (LIMA, 1934, p. 84).
O transporte fluvial no rio Sapucaí no trecho a montante de Fama teria sido inaugurado em 1910 “com duas lanchas a vapor”, pela Cia. Viação Férrea Sapucahy:
Iniciou-se em novembro [de 1910], com duas lanchas a vapor que, importadas, custaram 35:977$560, o tráfego fluvial do rio Sapucaí, a partir do km. 237, onde foi edificada a estação de “Porto Sapucaí” [no município de Santa Rita do Sapucaí], até o porto de “Paredes” [hoje, município de Cordislândia], com extensão de 132km. Convém assinalar aqui que, logo nos primeiros meses do ano seguinte, essa navegação já se estendia até o porto de Cubatão [no atual município de Paraguaçu], no km 160 do rio (LIMA, 1934, p. 100).
Porto Carrito em Carmo do Rio Claro
De todos os portos citados nas fontes, o que parece ter tido mais destaque foi o de Porto Carrito no município de Carmo do Rio Claro, já nos anos 10 do século XX.
O Almanack Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, datado de 1909, na descrição do município de Carmo do Rio Claro, exaltava a importância do porto:
[...] Foi ali onde se fundou a primeira fábrica de laticínios do Estado, no Porto do Carrito, à margem esquerda do Rio Sapucahy, hoje propriedade do Sr. Coronel Francisco Bueno da Costa Macedo (ALMANACK ADMINISTRATIVO [...] DO RIO DE JANEIRO, 1909, p. 1231).
O Almanack previa o sucesso da indústria de cana e álcool que também viria funcionar na fábrica de laticínios, em função da facilidade de condução da cana pelo rio Sapucaí, “perfeitamente navegável”.
É o porto de Carrito imporio [sic] de importante comercio e onde desembarca [sic] todas as mercadorias que do Rio de Janeiro vai [sic] para Passos, Santa Rita de Cassia [atual município de Cássia], Ventania [atual município de Alpinópolis], etc. (Idem, ibidem, p. 1231).
O VALE DO RIO SAPUCAÍ NOS ANOS 20
Como já dito em outro texto deste site, as obras de comemoração do centenário da independência em Minas Gerais implicaram na publicação de três importantes obras estatísticas e cartográficas. Além do Album, foi publicado o Annuario Estatistico e o Atlas.
Segundo o Annuario Estatistico (Tomo I) referente a 1921 e publicado em 1924, a extensão do rio Sapucaí era de 490km e os municípios banhados por ele eram: Itajubá; Villa Braz (hoje Brasópolis); Pedra Branca (Pedralva); Paraisopolis; Santa Rita (Santa Rita do Sapucaí); Pouso Alegre; Silvianópolis; S. Gonçalo (São Gonçalo do Sapucaí); Machado; Paraguassu; Eloy Mendes; Tres Pontas; Campos Geraes; Alfenas; Carmo do Rio Claro; Boa Esperança e Passos.
A extensão de 490km do rio informada pelo Annuario Estatístico, em 1921, era superior em 150km àquela fornecida pelo Almanach Sul Mineiro em 1874: 340km.
Segundo ainda o Annuario, os principais afluentes da margem direita eram: rio Lourenço Velho; rio Verde e rio das Araras. Os da margem esquerda eram: rio Vargem Grande; rio Sapucahy-mirim; rio do Cervo; rio Dourado; rio Machado; rio Cabo Verde e rio Claro.
Em outro tomo do Annuario de 1921, informam-se dois trechos navegáveis no rio Sapucahy: entre Sapucahy e Cubatão (100km); e entre Fama e Porto Carrito (140km). O primeiro trecho atendia aos municípios de Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, Silvianópolis, São Gonçalo, Machado, Eloy Mendes e Paraguassu. O segundo trecho, aos municípios de Alfenas, Campos Gerais, Boa Esperança e Carmo do Rio Claro.
A análise do conturbado contexto dos anos 20 sobre o negócio do transporte fluvial é apresentada por Vasco de Castro Lima.
Segundo ele, em função da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) teria havido uma crise generalizada no transporte ferroviário brasileiro dependente da importação de material rodante. Por decorrência desta crise, houve a transferência das ferrovias sul-mineiras para o Estado. Em 1922, a Rede de Viação Sul Mineira – que incorporava as três estradas ferroviárias da região sul: Minas e Rio; Sapucaí e Muzambinho – foi arrendada ao Estado de Minas Gerais. O arrendamento era previsto até a data de 31 de dezembro de 1950 “podendo ser prorrogado até 31 de dezembro de 1980, mediante acordo entre as partes contratantes” (LIMA, 1934, p. 134).
O primeiro diretor da Rede Viação Sul Mineira, o engenheiro Ismael Coelho de Souza (1922-1924), em relatório de 1923, informava sobre os estudos referentes ao acordo a fazer-se com a companhia que pretendia explorar a Navegação do Rio Sapucahy, da “nossa estação de Fama até Carmo do Rio Claro” (Idem, ibidem, p. 137). A informação é curiosa, pois a navegação do rio a jusante de Fama já havia funcionado nos anos 10!
Victor da Silveira, no livro “Minas Gerais em 1925”, informava sobre o transporte fluvial do Sapucaí a montante e a jusante de Paraguaçu. O trecho a montante, a cargo da ferrovia estadual e o trecho a jusante, pela iniciativa privada.
[...] além da navegação do rio São Francisco e do rio Paracatu, “que são bastante importantes” existem mais no Estado de Minas os do Porto do Sapucahy [em Santa Rita do Sapucaí] ao Cubatão [em Paraguaçu], com 160 kilometros, explorado pela Rede Sul Mineira; de Fama a Porto Carrito [em Carmo do Rio Claro], com 100 kilometros, mantido pela “Navegação Fluvial do Rio Sapucay” e do Ribeirão Vermelho a Capetinga[13], no Rio Grande, com 208 kilometros, de propriedade da E. F. Oeste de Minas (SILVEIRA, 1926.p. 472) (grifos nosso).
NAVEGAÇÃO DO RIO SAPUCAÍ NOS ANOS 30
Vasco de Castro, na obra de 1934, informava que havia três companhias de navegação no rio Sapucaí, uma que atuava a montante de Paraguaçu gerida pelo estado e duas a jusante a cargo da iniciativa privada. Eram elas: a Linha Fluvial, que ia do Porto Sapucaí a Cubatão; e duas companhias de navegação que tinham trajetos que partiam de Fama e chegavam até Carmo do Rio Claro.
A Linha Fluvial, trafegada e administrada pela Estrada de Ferro Sul de Minas, e de propriedade do Estado de Minas Gerais, percorria uma extensão de 160Km a montante de Fama e tinha doze portos: Sapucaí (em Santa Rita do Sapucaí); Chiarini; Beraldo (em Silvianópolis); Volta Grande (então distrito de São Gonçalo do Sapucahy e hoje município de Careaçu); Santa Bárbara; Ouro Fala (em São Gonçalo do Sapucahy); Poço Feio; Paredes (hoje Cordislândia); Lagoa dos Patos (em Paraguaçu); Cubatão (em Paraguaçu).
O porto inicial era a estação de Porto Sapucaí, situada no km. 147 da Estrada de Ferro Sapucaí. Esta linha possuía dois vapores: Wenceslau Braz e Julio Bueno.
As duas outras companhias de navegação, que ligavam o porto de Fama, “distrito de Paraguassu”[14], ao porto Carrito e porto Belo, em Carmo do Rio Claro, realizavam em dias diferentes a viagem entre os portos indicados, com transporte de passageiros, cargas e encomendas[15]. Ambas as companhias [serviam] aos municípios de Alfenas, Dores da Boa Esperança [Boa Esperança], Campos Gerais, Carmo do Rio Claro e parte do de Guapé (LIMA, 1934. p. 214)[16].
Segundo o mesmo autor, a segunda empresa a navegar a jusante teria sido fundada pelo Dr. Epifanio (ou Epiphanio) Macedo e teria sido mais tarde organizada em sociedade anônima. A mesma informação é repetida por Marcos Lobato Martins. Ambos os autores não citam suas fontes:
Em 1924, uma empresa concorrente começou a operar nesse mesmo trecho [a jusante de Fama]: a Companhia Viação Fluvial do Rio Sapucaí, criada pelo Dr. Epiphânio Magalhães de Macedo, advogado em Carmo do Rio Claro. Esta empresa operava o vapor “Sapucaí” (MARTINS, 2011).
Há de lembrar-se que o trajeto da segunda empresa não teria sido representado no Album, uma vez datar de ano posterior à rede de comunicação mapeada na obra: 1923.
MENSAGENS DOS PRESIDENTES DE PROVÍNCIA 1923-1930
O cotejamento das Mensagens dos Presidentes da Província de Minas nos anos 20 elucida a visão do Estado sobre o tema da navegação no rio Sapucaí.
A Mensagem de 1923 do presidente Raul Soares (1922-1924) denunciava a insatisfação de seu governo com a prática das subvenções aos particulares para gestão do transporte fluvial:
A navegação fluvial não tem merecido entre nós a atenção que devia despertar pelo recurso que offerece á carência de vias de transporte. [...] A meu governo não seduz a ideia de crear uma linha de navegação que continue o mesmo systema ate hoje criado pelas empresas que, com subvenção ou grandes auxílios da União, fazem o trafego com intuito de lucros commerciais immediatos e sem cuidarem da realização de dragagens, fixação das margens, e outras obras indispensáveis à continuidade da navegação. A cargo da Rede Sul Mineira existe o Serviço de Navegação do Rio Sapucahy, partindo do Porto de Sapucahy, próximo da estação Affonso Penna, na Rede Sul Mineira, até o porto de Cubatão, abaixo de Poço Fundo, com 160km. Este serviço é feito atualmente por dois vapores em tráfego mútuo com a Rede Sul Mineira. Outro trecho do Sapucahy onde existe um serviço regular de navegação é o compreendido entre o porto de Fama, na estação do mesmo nome, até porto Carrito, com 100km mais ou menos (MINAS GERAIS, 1923, p. 173;176.)
A Mensagem do primeiro ano de governo do presidente Melo Viana (1924-1926) destacava que o serviço de navegação ainda era incipiente no estado.
A Mensagem de 1925 do mesmo presidente trazia dados sobre os dois serviços de navegação do rio Sapucaí: aquele mantido pela Rede Sul Mineira a montante de Fama e aquele realizado de Fama a Porto Carrito mantido pela “Viação Fluvial do Rio Sapucahy” (MINAS GERAIS, 1925, p. 323).
As Mensagens presidenciais do governador Antonio Carlos Ribeiro de Andrada (1926-1903) de 1926, 1927 e 1928 repetem a mesma informação daquela de 1925, de seu predecessor.
A Mensagem de 1930 deste governador dá destaque ao tema:
O serviço de transportes no rio Sapucahy vem sendo feito por duas companhias, a Sociedade Anonyma Viação Fluvial do Rio Sapucahy e a Empresa de Navegação do Rio Sapucahy de propriedade da Sra. d. Maria José Lacerda de Araujo Feio[17], de acordo com os contratos respectivos, assinados na Secretaria da Agricultura, em 13 de setembro de 17 de outubro do ano passado [1929]. A Sociedade Anonyma Viação Fluvial do Rio Sapucahy obrigou-se a fazer o serviço de transportes entre os portos do Carmo do Rio Claro e Fama, com escalas obrigatórias entre esses dois portos e nos de Campos do Meio [então povoado do município de Campos Gerais], Itacy [foz do rio Itaci no rio Sapucaí] e Virgolino, podendo tocar nos de Tromba e Azevedo. A Empresa de Navegação obrigou-se a fazer o serviço de navegação no mesmo rio, com escalas obrigatórias nos portos de Fama, Barranco Alto, Azevedo, Águas Verdes, Ponte e Carrito, e escalas não obrigatórias em Amoras, Cabo Verde, Correnteza, Santa Rosa, Tromba e Madureira. [...] Foram feitas em 1929, 111 viagens entre Fama e Porto Carrito, com percurso total de 23.320km, transportando 881 passageiros, 137.498kg de encomendas e 2.675.609kg de mercadorias como carga. A arrecadação total montou a 272:164$000 [...] A despesa total realizada foi de 119:681$500.
O serviço feito pela Sociedade Anonyma Viação Fluvial tem sido deficiente, por não estar terminada ainda a montagem do navio adquirido pela mesma, que devia ter sido entregue, completamente montado, pelos armadores Prado Peixoto & Companhia até 4 de outubro do anno findo, o que não se verificou, por ter esta firma proposto concordata. À vista disto, a Sociedade Anonyma recebeu o navio com a montagem incompleta, e vem fazendo esta por sua conta, podendo-se prever sua conclusão, dentro de pouco tempo. Até então os transportes têm sido feito em barcos a vara (MINAS GERAIS, 1930, p. 267 e seg.)
RECONSTITUIÇÃO CARTOGRÁFICA DA BACIA DO BAIXO RIO SAPUCAÍ
A junção dos mapas dos municípios do baixo Sapucaí tendo como fonte o Album resultou no mapa abaixo.
A reconstituição cartográfica da bacia do Rio Sapucaí foi feita para este estudo crítico pelo engenheiro ambiental Pedro Lacerda, de Bios Consultoria. A metodologia aplicada é apresentada a seguir.
A reconstituição cartográfica de um determinado trecho do rio Sapucaí através do Album Chorographico foi efetuada através de técnicas de geoprocessamento e Sistema de Informação Geográfica (SIG). O software utilizado foi o ArcGis 9.3 para o processamento digital das imagens, este deu-se através da seguinte forma.
Através de ferramentas do software foi possível recortar as imagens do baixo rio Sapucaí e que tivessem representatividade espacial. Permaneceram. assim, nos recortes os elementos cartográficos e excluíram-se itens de bordas que prejudicariam a visibilidade e o layout final.
O processo seguinte foi o georreferenciamento da imagem. O elipsoide de referência (Datum) utilizado no levantamento na época foi o "Clarke 1866", sendo também adotado o sistema de coordenadas geográficas. Nas malhas de coordenadas das imagens foram coletados pontos estratégicos para o georreferenciamento das mesmas. Ressalta-se que na época não existia tecnologia suficiente para precisão/exatidão dos pontos coletados. Pelo mapa construído, contudo, constatou-se uma consistência considerável para as condições disponíveis para o mapeamento. Após realizar estes procedimentos, as imagens foram agrupadas. No mapa de reconstituição de parte da bacia pode-se identificar facilmente o percurso do rio Sapucaí até sua confluência no rio Grande. Estes rios foram vetorizados para melhor identificação no mapa para melhor visibilidade e identificação dos mesmos (LACERDA, 2013)
Os Portos do rio Sapucaí informados no Album Chorographico
A reconstituição cartográfica do trecho da bacia do rio a partir do Album Chorographico indica os seguintes portos no rio Sapucaí a jusante do porto de Fama, então distrito do município de Alfenas: Barranco Alto distrito no mesmo município de Alfenas; Águas Verdes no município de Boa Esperança; Ponte; Tromba e Carrito, todos no município do Carmo do Rio Claro.
Há no mapa a indicação do símbolo de âncora no trecho navegável do rio.
Não se identificou Porto Belo[18]. Ao que sugere a reconstituição cartográfica, o rio Sapucaí não seria navegável entre Porto Carrito e sua foz no rio Grande.[19]
A reconstituição cartográfica do trecho a montante do porto de Fama, distrito do município de Alfenas, indicou os seguintes portos: Cubatão no município de Paraguaçu; Paredes, distrito do município de São Gonçalo; Volta Grande, distrito do mesmo município de São Gonçalo; Porto Beraldo no município de Silvianópolis; Porto Sapucahy, no município de Santa Rita do Sapucaí. Este último porto não constou da reconstituição cartográfica - por questões de layout.
FIM DA NAVEGAÇÃO DO RIO SAPUCAI
Quando da edição do livro de Vasco de Castro Lima (1934), já se cogitava da supressão da Linha Fluvial, empresa estatal, bastante deficitária.[20] Segundo o autor, esta companhia teria funcionado até 31 de julho de 1933, quando o tráfico foi suspenso por motivo da baixa das águas do rio Sapucaí, mas cessada a causa o serviço continuou parado. Pela informação depreende-se que a navegação a montante de Paraguaçu tenha sido interrompida em 1933.
Sobre os trechos fluviais a jusante de Paraguaçu as fontes informam sobre a situação pouco confortável das duas empresas em 1939.
O almanaque de 1939, intitulado, “Brasil – Município e Comarca de Paraguassú – Estado de Minas Gerais”, organizado pelo Dr. Célio Conde Leite, traz informações sobre os serviços de navegação a jusante do porto de Fama, já distrito do município de Paraguaçu.
Funcionam no município duas linhas regulares de navegação fluvial, partindo de Fama até os portos Carrito e Carmo do Rio Claro, no rio Sapucaí, na extensão de 105 e 108km, respectivamente, com vários pontos de escala e que utilizam para o trafego 3 vapores e 3 lanchas (LEITE, 1939, p. 10).
O mesmo almanaque traz ainda a seguinte propaganda:
Navegação do Rio Sapucaí – Entre Porto de Fama e Porto Carrito: Transporte rápido de mercadorias, mantendo trafego mutuo com a Contadoria Geral de Transportes e servindo aos municípios de Carmo do Rio Claro, Guapé, Boa Esperança, Alfenas, Campos Gerais e Paraguassú. Faz escala nos seguintes portos: Fama; Amoras; Cabo Verde; Barranco Alto; Azevedo; Correnteza; Águas Verdes; Santa Rosa; Prado Leite; Ponte, Tromba e Carrito. Transporte de Passageiros. Aceitamos também despacho de mercadorias do Rio de Janeiro e São Paulo por via rodoviária, feito por emprezas de auto transporte. Escritório e Armazéns em Fama (LEITE, 1939, p 47).
Fontes da década seguinte sugerem a manutenção da prática de concessão de subvenções às empresas do ramo do transporte fluvial, entre elas a Empresa de Navegação Rio Sapucaí.
O jornal “Correio da Manhã” de 1º de julho de 1941 publicou a prestação de contas do estado de Minas Gerais. Nela se identifica o débito de 654$000 da Empresa de Navegação “Rio Sapucaí”.
A lei estadual n. 946 de 4 de outubro de 1946 autorizava "o governo a [...] conceder moratória sem juros à empresa de navegação do rio Sapucaí e a adquirir-lhe as instalações e conceder-lhe uma subvenção de 18:000$000 anuais". Não se sabe a efetividade desta lei e nem a qual empresa se referia especificamente.
Segundo Waldemar de Almeida Barbosa, construída a represa de Furnas, na década de 50, a Companhia de Navegação do São Francisco assumiu a ligação entre as várias cidades atingidas pelas águas de Furnas, por meio de barcas (BARBOSA, 1979).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reconstituição cartográfica do baixo vale do rio Sapucaí a partir dos mapas dos municípios extraídos do Album Chorographico possibilita a visualização dos trechos efetivamente navegáveis em 1923. Alguns dos portos citados na bibliografia consultada figuram com denominações distintas e/ou não foram identificados nos mapas do Album.
O tema ainda demanda consulta a fontes primárias mais consistentes para validar a interpretação dos historiadores.
A representação cartográfica da bacia do rio Sapucaí é exercício plausível de ser replicado para outras bacias que vieram a ser modificadas pelas usinas hidrelétricas em Minas Gerais, nas décadas seguintes a 1920. Os mapas do Album possibilitam tais exercícios de reconstituição de cartografia histórica e podem ser fontes fecundas de pesquisas sobre esses territórios de Minas Gerais.
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
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ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Navegação da EFMR no rio Sapucahy. Augusto Saucasseaux. 1906-1908. Fotografia P&B. Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/photo.php?lid=29038. Acesso em: 7 mai. 2014.
BARBOSA, Waldemar de Almeida. História de Minas. Belo Horizonte: Editora Comunicação, 1979. v. 1.
BERALDO, Ana Beraldo et al. Sapucaí, o caminho das águas. Trabalho produzido como projeto experimental para conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da Faculdade de Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Eugênio Pacelli”, Pouso Alegre (MG), 1992. 119p. Il.
BRASIL, Decreto n. 6201 de 30 de outubro de 1906. Aprova as bases para constituição e arrendamento da Rede de Viação Ferrea Sul-Oeste de Minas. Disponível em: http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=57819. Acesso em: 14 nov. 2013.
BOTELHO, Angela Vianna; REIS, Liana Maria. Dicionário Histórico Brasil: Colônia e Império.Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
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COSTA, Maria Lúcia Prado. A Estrada de Ferro Muzambinho no contexto do transporte ferroviário sul-mineiro: 1870-1920. Fundação 18 de Março. Belo Horizonte. 1985. Trabalho não publicado.
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LIMA, Vasco de Castro. A Estrada de Ferro Sul de Minas (1884-1934). Trabalho histórico-descritivo, organizado pelo Secretario da Estrada. São Paulo: COPAG, 1934.
MARTINS, Marcos Lobato. Uma história da navegação a vapor no Sul de Minas (1880-1960). Diálogos - Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, vol. 15, núm. 2, maio-agosto, 2011, pp. 409-436. Universidade Estadual de Maringá. Brasil. Disponível em: http://www.redalyc.org/pdf/3055/305526548003.pdf. Acesso em: 03 set. 2013.
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[2] Engenheiro Casabranquense Dr. Martiniano da Fonseca Reys Brandão, pela Lei n.87 de 21 de abril de 1880 e n. 24 de 27 de março de 18846[6]. Ramal Férreo do rio Pardo.
[3] Biografia do Dr. Franklin Massena consta do Almanack Sul Mineiro de 1884, reproduzindo discurso proferido pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Dele se extrai: “revelou a riqueza aurífera do vale do Santo Antonio em Aiuruoca, traçou a carta ou mapa do Sul de Minas”.
[4] Segundos as historiadoras Angela Botelho e Liana Reis, a primeira linha a vapor no Brasil foi instalada em 1819 por Felisberto Caldeira Brant Pontes, no Recôncavo Baiano (BOTELHO; REIS, 2002).
[5] Crispim Jacques Bias Fortes era presidente da província. Não localizou-se a legislação de tal contrato.
[6] Blog sobre a história do Carmo do Rio Claro informa que Randolpho Fabrino junto com o Conselheiro Mayrink teria fundado a primeira fábrica de laticínios no município.
[7] No Almanack Sul de Minas de 1884, Alberto Bressane Lopes é informado como negociante de fazendas do município de Pouso Alegre.
[8] Segundo Vasco de Castro Lima, a Navegação Fluvial do Rio Sapucaí teria sido fundada em 1900, pelo Dr. Buarque de Macedo e adquirida depois pelo Dr. Francisco Feio. A mesma informação é apresentada por Marcos Lobato Martins: “[...] Empresa de Navegação do Rio Sapucaí [foi] fundada pelo Dr. Buarque de Macedo, em 1900. Em 1905, a empresa foi adquirida pelo Dr. Francisco A. C. de Araújo Feio. O pequeno vapor “Júpiter” foi a principal embarcação da empresa por alguns anos. Na década de 1920, foi construído outro vapor mais moderno. A tradição oral de Carmo do Rio Claro diz que este novo vapor foi fabricado pelo artesão José Saksida, de Fama (HÓRVATH, 2008, p. 50)” (MARTINS, 2011)
[9] A jornalista Ana Beraldo e demais autoras do livro “Sapucaí, o caminho das Águas” (1992), informam o ano de 1910 para o início do transporte a vapor no rio, sem, contudo, informar a fonte de consulta e esclarecer o trecho navegável.
[10] Joaquim Eloy Mendes, que deu seu nome ao município.
[11] O mineiro Afonso Pena foi presidente da República entre 1906 e junho de 1909. Assim, quando do decreto federal de arrendamento da Sul-Mineira para a Cia. Sapucahy, o presidente já havia falecido. Mas é lícito supor a ingerência de Afonso Pena sobre o tema.
[12] Como se verá mais adiante, este contrato de 1910 também foi breve, pois seria rescindido em 1920.
[13] O porto de Capetinga no distrito de Rio Grande no município de Boa Esperança é identificável no mapa de reconstituição da cartografia do baixo vale do rio Sapucaí, apresentado neste site. O distrito de Rio Grande hoje é o município de Guapé.
[14] Na representação do Album Chorographico, o distrito de Fama pertencia ao município de Alfenas e não ao de Paraguaçu. Em 1948 Fama iria se emancipar de Paraguaçu.
[15] Segundo o Almanaque “O Brasil Industrial, Agricola, Commercial e Politico”, datado de 1928, havia no Município de Paraguassú apenas a companhia de Navegação do Rio Sapucaí, com sede em Fama.
[16] O autor curiosamente omite o município de Paraguaçu ao qual naquela época pertencia o distrito de Fama.
[17] Maria José Lacerda de Araújo Feio seria viúva de Francisco Feio
[18] Há indícios de que este porto ficava a jusante de Porto Carrito.
[19] A Fundação Biblioteca Nacional guarda um mapa produzido pelo Serviço Geológico e Mineralógico, intitulado “Rio Sapucaí: levantamento entre o Porto Carrito e São José da Barra”, datado de 1930.[19] Porto Carrito, como já dito, situava-se no município de Carmo do Rio Claro. São José da Barra era distrito de Passos à época do Album e situava-se na confluência entre o rio Sapucaí e o rio Grande.
[20] O autor traz uma tabela sobre a situação financeira da empresa, entre os anos de 1926 e 1933, todos com resultado deficitário. Neste último ano, o déficit era de 24:545$308 (LIMA, Op. cit. p. 12)